terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Paulo Santana: O gênio idiota

Ele já foi inspetor e delegado. Também já foi vereador do munícipio de Porto Alegre, pela ARENA (Aliança Renovadora Nacional), pois vejam, aquela que apoiava a ditadura militar. Lançou 7 livros ao longo de sua vida, entre eles o “Gênio Idiota (1992)”, meu favorito. Viciado em cigarros, já foi diagnosticado com câncer de rinofaringite. Afirma que “Fumar é um falso suspiro”. Assim ele parece levar a vida toda.
Paulo Santana tem espaço destaque de coluna no maior jornal do Rio Grande do Sul. Eu gosto, eu leio Zero Hora. Lá tem o Moisés Mendes, a Rosana de Oliveira, o Luis Fernando Veríssimo, Martha Medeiros, Humberto Trezzi, Marcelo Rech, Cadu Caldas, Paulo Germano e tantos outros grandes nomes. Todo mundo queria o espaço do Santana. Eu também. Quem sabe? Um dia talvez eu chegue lá.
A última dele falando sobre “segregação pacífica” em Punta, no Uruguai, foi a mais pesada de todas. Gostaria de perguntar pra ele como uma segregação pode ser pacífica? Se o racismo opressor de um lado causa sofrimento e promove este tipo de expressão social, é com certeza resultado discriminatório de um lado. Ou eu estou errado? Não tem nada de pacífico nisto.
O espaço dele está piscando em Zero Hora. Os herdeiros tenho certeza de que farão melhor. Santana já fez grandes colunas. Fez amigos e inimigos pela sua jornada. Quem só fala mal talvez não conheceu seus feitos pela comunicação. Ele não é um bobo. É um “Gênio Idiota”, como mesmo se define. O idiota opta por ser imbecil.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Agora eu tenho advogado

Acabo de saber que minha liberdade de expressão esta mais assegurada do que nunca. Sim, agora posso mais do que nunca falar o que eu bem entender. Serei um jornalista pau dentro. Agora é mais do que certo. Aqui ou em qualquer lugar. Jhonny agora é meu advogado. Sim, o nome dele é Jhonny mesmo. Já li em seus registros. É documentado, diplomado, bacharel e 100% tupiniquim. Se formou em Direito pela Univates. Faculdade famosa que vem dando rajadas de bons profissionais pelo Vale do Taquari.
Este ano foi a vez de Jhonny. Ele foi o meu primeiro melhor amigo. Nos tempos de infância e Power Rangers em Estrela. Ele sempre soube o que fazia. Desenhava muito bem, tirava boas notas, jogava futebol de forma justa (me refiro ao real e ao Ronaldinho Campeonato Brasileiro dos anos 90) e também fazia sucesso com as garotas. Se chamar Jhonny sempre facilitou tudo pra ele.
O cara é focado. Dos pampas pro mundo. As boas causas terão um advogado campeão por suas lutas. O jornalismo pau dentro também ganha mais um membro pra defendê-lo. Que maravilha.

O PT e o vôo da mariposa vesga

Caminhamos, cantamos e seguimos a canção. Contemplamos nosso cotidiano de maneira tão bruta que às vezes somos inebriados por nossas próprias realidades:
- Aí, tio me vê um pila? Tem um real pra apoiar?
Eis uma frase que ouvimos, às vezes mais, às vezes menos, em qualquer andada de uma esquina à outra. Isto é carregado de significado. Com poucos centavos não se faz mais nada. Os cents perderam o valor. Nossa moeda entrou em colapso pela inflação. Quem está em situação de rua não tem como pedir menos.
O PT tornou-se uma fábula de suas próprias histórias. Deixou de ser mantido apenas por militantes e profissionalizou a maneira de sustentar-se no poder. Quando falo do partido, não falo das pessoas. Eu votaria de novo na Dilma se ela disputasse contra o Aécio. Eu acho a Dilma uma gata. Sou mais a Lucianinha, como bem sabem. Votaria mil vezes no Tarso pro Sartori não meter o bedelho onde não faz ideia do que deve ser feito.
O partido tem que levar uma lição de moral de seus próprios participantes de fé. Os que sabem bem a sua origem. O PT está indo na contramão de sua própria engrenagem. Os partidos de esquerda não mostraram apoio nesta eleição, porque sabem que o privilégio do atual partido não são mais as formigas. Se perderam no canto das mariposas. Alianças partidárias, abraços e afagos tão escrotos de deixar qualquer Maluff com inveja. Chegamos num momento que ou se é de esquerda ou se é petista. Infelizmente.
Quem é de esquerda é obrigado a votar no PT, como eu o fiz e provavelmente fará-lo-ei se necessário. É um diz que não diz. É um diz que me diz. Tá tudo subindo pro alto, a gente pagando parcelado, no negativo dando 10% pros bancos. E os bancos patrocinando nossas dívidas, nossos partidos e o nosso pão e circo de cada dia. Um crime maior do que roubar um banco, provavelmete, seja ser dono de um.
          Que o PT seja refundado daqui pra frente com a tal reforma política. O partido já tremeu desde sua base nesta última eleição. Bem feito. Que volte a sentir o bafo do agreste na nuca, a pisar no chão ao invés de voar feito mariposa vesga pelo ar.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Mais Moisés Mendes e menos jornalismo pasteurizado

Escrever não consiste numa fórmula de bolo. Não é algo que se pasteuriza aos 100ºC. É influência, inspiração, trabalho e café. É tomar um trago e ter uma ressaca. Ressaca é ressacar as coisas. Olhar por outro ângulo. A diferença do texto é sempre o texto. É descompactar a realidade. É tirar o fôlego. É bossa nova sem quindim.
Esta semana tivemos uma vitória. Moisés Mendes segue em Zero Hora. Após umas necessárias bicas nas canelas do Bolsonaro, houve uma tentativa de cortar o seu barato. O nosso barato, na verdade. As pessoas confudem liberdade de expressão com liberdade de opresssão. O Bolsonaro não tem o direito de oprimir. Este direito não cabe a ninguém. Este sim é um discurso ilícito.Tem que falar. Tem que comprovar. O jornalismo tem função social. Funciona como um mediador sociológico. Ativa como um cronista do imaginário cotidiano. Por isto tem que estar do lado certo e transcender legendas.
Parafraseando um querido professor: Jornalismo é pau dentro. E é mesmo. Isto é mais do que um trevo de quatro folhas. É Chateubriand lutando com luvas de boxe contra Juremir Machado. É Hunter Thompsom jogando pinuca com Boechat. Moisés Mendes não segue apenas publicando em Zero Hora. Ele vai publicar mais. Bem feito pro Coimbra.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Bolsonaro e o tico de ouro

Bolsonaro tem quase um milhão de curtidas em sua página no Facebook. Foi mais ou menos o score democrático atingido por Luciana Genro em sua respeitável participação nas eleições de 2014. Entre este quase um milhão de curtidas pro Bolsinha, 7 são meus amigos. Já com a Lulu, somo mais de 240 amigos engajados em suas causas. Inclusive eu mesmo, é claro, nas quase 400 curtidas fiés de sua página.
Duas visões de mundo distintas. Um faz sucesso por representar aos milhões de brasileiro com pensamento quadrado e a outro inebria o coração dos jovens com seus pensamentos utópicos. Ela mesmo falou em sua campanha. “Eu gosto desta coisa de ser utópica”. Eu também, Lulu. Utopia e subversividade.
“Não vou te estuprar porque tu não merece”, disse Bolsinhas pra Maria do Rosário num discurso sobre ditadura militar nesta terça-feira (9). Convenhamos. Este sujeito sútil, delicado e polido. É quase um Julio Iglesias. Uma mistura de brega romântico de 1964. Deve ter o tico banhado a ouro. Ele seleciona bem as merecedoras dos seus privilégios.
Vítima de sua própria deturbada ignorância, Bolsonaro, o deputado mais voltado no Rio de Janeiro, tempera coxinhas diariamente e dá esperanças de um futuro melhor. Onde ninguém incomode. Mas muita calma, parceiro. Nós, os incomodadores, desta e da próxima geração, estamos crescendo. E bem. E bem bastante.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ruanito: o cagão das gavetas


Do executivo ao proletário. Todos fazem cagadas na vida. Seja na esfera pública ou na "privada". Os fins são sempre os mesmos. Esta é a história de codinome Ruanito. Sim. Com “R” mesmo. Esta é uma de suas personalidades subversivas que emergem durante inebriações alcoólicas. Uma mistura de jovem amante latino. “Um mix de porto riquenho bagaceiro com malandro da lapa”, sugere ele. Ele cagou na sua própria gaveta numa madrugada do verão de 2013.
                Como se cagar não fosse normal. As pessoas tem medo de cagar e de que saibam que elas cagam. Não julguemos Ruanito. Esta história é verídica e ele prefere não ser identificado.
         Em uma quarta-feira calorosa do verão de 2013, Ruanito trabalhava numa loja de instrumentos musicais, no centro da Cidade. Era carnaval e o sol ardia formando bolas de ectoplasma de calor no ar. Perfeito para uma hidratação via cervejadas. E este eu bem conheço. O nosso Ruanito preferido é amante de um bom trago.
         O lado libertador, extravasador e sexivo de um bom porre supera o sabor etílico de qualquer bebida. É isto que nosso jovem cagãozinho de gavetas buscava naquela noite. Após sua namorada largá-lo para tentar uma vida no Canadá, Ruanito passou por uma série de porres homéricos ao qual buscava entender, esquecer do que lembrar e ao mesmo tempo a coragem inebriante de um bom trago pra conquistar um novo amor.
         “Eu estava começando a superar. Aquela mulher mexeu comigo de verdade. Enfim. Mas naquela quarta eu estava bem sei lá. Eu estava bem mesmo. Pelo menos é o que lembro” relembra Ruanito.
         Assim que o gongo bateu, saiu do seu trabalho, comprou umas cervejas e foi para casa, que na época ficava há apenas 2 quadras, no velho centro da cidade. Um prédio antigo que foi hotel nos anos 1970, que após ser vendido tornou-se um edifício domiciliar. Morava com um camarada, este o qual namorava na época (o fim deste namoro também poderá virar reportagem por aqui, mas seguimos adiante). Como bom vivant, o tal camarada quando estava em um relacionamento acabava sossegando o rabo e preferia passar horas fumando, bebendo, tocando violão, jogando PS3 e trepando feito um tamanduá no cio.
         Ruanito ficou temporariamente sem seu velho carcamano de guerra que sempre lhe acompanhava nas biritas. Estava solteiro já há algum tempo e na época não andava comendo ninguém. Acabou, como sempre, no único bar rock da cidade. E como já figurinha marcada e um “ícone da noite”, logo encontrou uma pá de velhos guerreiros conhecidos. Eis que Ruanito começa sua jornada até as gavetas.
         Com uma modesta intenção de apenas dar uns goles, umas risadas e curtir uma noitada de rock, Ruanito descobriu milhares de pessoas desconhecidas no seu subconsciente.
“Tento imaginar como eu me veria de fora. A noite estava indo de vento em popa”, explica.
Mas nem tudo foram flores nesta noitada do nosso compadre Ruanito. Entre 3h da madrugada até 8h30, não lembra de muita coisa. “Acredito que devo ter ido pra casa cambaleando”, comenta.
Após uma longa apuração jornalística da minha parte, entrevistas e diálogos com fontes esclareço este período negro na mente do nosso herói Ruanito.
         Às 6h da manhã, Ruanito foi encontrado em seu próprio apartamento. Pelado, de barriga pra cima, com o pau mole virado pro lado, as mãos atrás da cabeça, no sofá da sala. A namorada do camarada que dividia o apartamento com ele foi quem localizou o corpo. Entre a visão e Ruanito havia uma trilha de meias e cuecas. Dentro do quarto, duas gavetas quebradas e uma terceira no chão muito bem posicionada com um ninho de meias estratégico para se assentar.
         “A garota chamou meu amigo, e como um bom sacana ele tirou algumas fotos antes de me acordar”, conta Ruanito.
         Ao entrar no quarto viu o caos. Foi tomar um banho pra ir trabalhar. Percebeu então um cheiro deveras desagradável, mas muito familiar. Um aroma só seu. Não deu bolas e seguiu em frente. Ao pegar uma meia para ir trabalhar viu o tal ninho de meias e estranhou.
         “Aquilo não era uma meia no meio das outras. Fiquei por quase 10 minutos tentando entender aquilo. Havia um grande e suculento cagalhão me olhando. Incrivelmente bem posicionado, pois não sujou nenhuma das outras meias”, relembra Ruanito de sua jornada.
         Parou de tentar entender, pegou a gaveta e foi para o banheiro. Virou o que foi possível no vaso, mas só espalhou ainda mais aquela merda toda. Foi quando percebeu que a única maneira de se livrar daquilo seria entrando com gaveta e tudo no Box para um banho que jamais poderia ser esquecido.
         “Até hoje me pergunto o que houve naquela noite. Queria ter câmeras na sala e no meu quarto pra entender o que diabos eu fiz”.
         Pois bem, Ruanito. Isto apenas as velhas paredes daquele velho prédio anos 1970 podem lembrar.

sábado, 29 de novembro de 2014

Cidade Baixa: célula revolucionária no organismo da cidade

O que fazer agora? O cartel dos grandões está interditando a Cidade Baixa. O Tio Hélio, aquele que fica ao lado do Opinião, sentou na entrada do seu bar na última sexta-feira (21) com uma placada ao fundo: “Interditado?”. Em protesto.
Beber, conhecer e estranhar fazem parte de um bom negócio. A Cidade Baixa é uma célula revolucionária no organismo da cidade. Organiza e desorganiza vários movimentos. Opera como função social de esquina em esquina. É pastel do Honório, sopa no Van Gogh, Pizzinha da José, cachaçinha no Afonso, o encontro no Dirty Old Man regado a birita, o ser estrangeiro no Casa Azul e a balada boa no Batemacumba.
Querem mandar em nós, os bonecos que também sustentam corações, pra curtir baladas plásticas nas beirações do Anfiteatro Pôr-do-Sol. Uma “noite” arquitetada apenas pelo dever do consumo, desvalorizando as ruas, os corpos e os destinos.
Ficamos bebendo em nossas casas e fumando falsos suspiros. Parece tudo uma brincadeira que logo vai acabar. A impressão político social hoje é assim. É mais do que o fim do nosso próprio futuro. É o que temos de presente.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Curto circuito com a realidade: o aumento da energia elétrica

   O aumento na conta de energia elétrica é uma luz que se apaga no bolso do trabalhador. A tarifa anual entra em curto circuito com a realidade do salário de cada brasileiro.
   Investimos arduamente no conforto, no ar condicionado, no luxo de uma televisão na sala e outra na cozinha. No secador de cabelo ventando milhões de cabeleiras todos os dias. A conta no fim do mês chega. O aumento todo ano também. Agora o reajuste tarifário é de mais de vinte oito por cento. Será que o aumento da energia vai ser do mesmo tamanho que o do salário a cada ano? Eu creio que não. Apenas pagamos as contas.
      Nas caixas de correios não recebemos mais cartas de amores, de amigos ou de saudosos familiares. Apenas cobranças e mais cobranças. Aumentos e mais aumentos. Códigos de barras pagos em dinheiros plásticos que não pertencem a ninguém. Reclamamos, mas pagamos.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Especial Tributo a Chico Science & Nação Zumbi nesta quinta-feira (30)

Banda Malungo Meu apresenta o disco “Da Lama ao Caos” na íntegra no Paraphernalia Bar

Nesta quinta-feira (30), às 22h, a Banda Malungo Meu faz um show especial de Tributo a Chico Science & Nação Zumbi apresentando o disco “Da Lama ao Caos” na íntegra. O evento acontece no Paraphernália Bar, João Alfredo 425, no coração da Cidade Baixa.

Resgatando a força do manguebeat e trazendo de volta as canções que mudaram o cenário musical de Pernambuco, do Brasil e do mundo, os músicos da banda Malungo Meu percorrem os palcos misturando funk soul, hip hop, embolado, ritmos afros e muito maracatu no ano em que comemora-se 20 anos do lançamento do disco “Da Lama ao Caos”, o primeiro da carreira de Chico Science & Nação Zumbi.

O valor do ingresso é de R$ 15,00 sem nome na lista e de R$ 12,00 acessando e enviando o nome para www.paraphernalia.com.br. Para reserva de mesas e maiores informações da casa: 3221-5225 (Estevão). 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Elis regina: a militante (PARTE 5)

— Na entrevista para a Veja, perguntei a Elis uma coisa que me intrigava: quais eram as imposições de cima para baixo, de que tanto reclamava? Ela disse: “EU falo isso porque, quando pintei, tinha vinte e nem me permitiram, em determinado momento, fazer as estripulias normais de uma adolescente. Já começaram jogando uma sobrecarga violentíssima que talvez eu tivesse condições de arcar aos 33. Foi uma violência, mas, se foi cometida, eu permiti. E as diversas fases pelas quais fui passando determinaram-se, evidentemente, por um processo de amadurecimento e também por sufocos momentâneos” — conta a autora da biografia Furacão Elis, Regina Echeverria.
O clima de decepção moral com Elis ainda foi visto no “Festival Phono 73”, em São Paulo, com shows das grandes estrelas da gravadora Phillips, nomes como Caetano Veloso e Oldair José, por exemplo. Elis Regina entrou com um ar de tensão no palco e com o rosto fechado.
- Foi recebida com extrema frieza. Entre alguns aplausos pouco entusiasmados, muitos assovios e o grito de uma voz raivosa que se ouviu pelos quatro cantos: “Vai cantar na Olimpíada do Exército”, promovendo assim mais vaias do que aplausos pra cantora. Foi quando uma voz vinda do palco pôs ordem na casa: “Respeitem a maior cantora do Brasil”. Quem lhe prestou socorro foi o amigo Caetano Veloso – relembra Abílio Neto, crítico e pesquisador musical.
Este momento foi crucial na carreira de Elis. A cabeça já zonza por toda este vai e vem de “civis” e “militares” mudou ainda mais o seu ver sobre as coisas. Como resultado, uma reviravolta na vida e estética da cantora. Elis Regina partiu pro ataque. Foi a luta.
- A partir disso, Elis Regina deixou de ser a queridinha do samba-jazz meio Broadway. Iria virar uma cantora cool e uma mulher engajada, com um reperótiro definitivamente MPBista e de esquerda – comenta Arthur de Faria.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Todos CHOCADOS: a vingança de Lasier e sua trupe

Estou mais chocado que o Lasier na chuva em meio a um parreiral de uvas no meio de usinas de eletricidade com fios desencapados em alta tensão. Assistimos neste domingo (5) a candidatura da ignorância que vem privilegiando políticos de ideologia rasa como nosso senador Lasier Martins, o deputado racista sem escrúpulos Luis Carlos Heinze e o Jardel dos miolos fritos.
O que tá pegando? Isto vai além de uma piada de mau gosto. Foram eleitos pessoas as quais o compromisso social é praticamente nulo. Visam as elites, as privatizações e o apoio malhado com grandes empresas. Ideais retrógrados que não mais se contextualizam com os novos meios, os novos modos de pensar nossa sociedade e bem comum.
Políticos escrotos sempre tivemos, desde o início de toda infra democrática, ditatória ou autoritária. Mas o que estamos assistindo a olhos nus é o povo lhes tendo como representantes. Foram os deputados mais votados no Rio Grande do Sul. E fora daqui tivemos Marco Feliciano, Tiririca e Jair Bolsonaro.
A homofobia deu milhões de votos este ano. Que caminhos estamos trilhando? Até quando vamos ter a moral cristã orientando condutas, ovários e política?
2014 deixa uma reflexão para todos. O modelo de voto obrigatório não tem sido satisfatório para quem busca a política de verdade. Que exerça o papel junto das minorias, que traga equilíbrio social e melhor oportunidades pra todos.
O voto facultativo apresenta-se como a solução mais democrática aos que realmente se interessam por política. A obrigação está mais do que banalizando a política brasileira. Está degringolando as causas, misturando política com água benta e Direita com mortadela.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Democracia não é gincana: o conformismo anda de gangorra

Democracia não é gincana. Vota neste que é pro outro não ganhar? Não, não é um jogo. Saiba que assim você omite seu próprio exercer político e sustenta o próprio desgosto. Tu deve votar em quem acredita, naquele que melhor representa teus ideias. Se for o caso, não vote em ninguém, pois também é um direito teu. E mais, a multa é de apenas R$ 3,51 por turno pra quem não justifica.
Muito se fala: “na verdade não gostaria de votar em ninguém” ou ainda “não voto em tal por que assim a outra ganha”. É este tipo de pensamento que sustenta o maquinário político que todos estão acostumados a ver. O conformismo andando de gangorra.
Minha candidata, por exemplo, é Luciana Genro. Uma presidenta que diz COMO vai fazer o seu plano de governo. Trouxe ao debate temas inéditos em eleições anteriores e passou a ser a presidenciável mais falada nas mídias sociais. Esta é a minha opção e ela ser diferente da de muitos é o que torna isto tudo em democracia.
Não venho aqui fazer campanha por ninguém. Apenas enfatizo que no primeiro turno é importante que tu saiba em quem tá votando e principalmente no porquê. Graças ao mundo cibernético é possível resgatar qualquer debate em segundos, acessar as propostas de todos candidatos e baixar wallpaper de qualquer um em alta resolução. É a democratização dos meios rompendo a democracia dos medos. Amanhã é outro dia.
Vai lá e representa!

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Elis Regina: a militante (PARTE 4)

Mais tarde, o segundo ato, foi o fatídico dia, em setembro, que Elis subiu ao palco para cantar o Hino Nacional, toda vestida de preto, em Belo Horizonte, no Estádio Mineirão, no mesmo ano.
- A conta veio, altíssima, em 1972, período mais negro da ditadura. Foi a maior humilhação de sua vida: gentilmente convidada a reger um coral de artistas que cantariam o Hino Nacional nas Olimpíadas do Exército, em plenos civismos de setembro, Elis apareceu de casaca e tudo na frente de milhões de tele-espectadores. Pra dizer não era preciso ter muito, mas muito peito. E, pela primeira e talvez única vez na vida, ela amarelou. É certo que, até então, ela não era exatamente uma artista polizada. Mas, por outro lado, não era uma simpatizante ou inocente útil como Roberto Carlos ou Antônio Carlos & Jocaf – explica Arthur de Faria.
Ao levar Elis Regina ao palco na abertura das Olimpíadas do Exército Brasileiro, para cantar o Hino Brasileiro, os militares fizeram a tentativa de causar a morte moral da cantora. Chamada de traidora de imediato e com queda moral amplamente disseminada pelo meio musical. Passou a ser insultada por diversos formadores de opinião e jornalistas dos “Anos de Chumbo”.
- Elis: Eu cantei nessas Olimpíadas e o pessoal da Globo todo também participou. Todos foram obrigados a fazer. E você vai dizer que não? Eu tinha exemplos muito recentes de pessoas que disseram ão e se lascaracam, então eu disse sim. Quando apareceu isso eu procurei o Aldir Blanc e disse: Poxa, que sacanagem. E ele falou: Você cedeu como cederam o 90 milhões. Agora, é fácil acusar. Quero saber o que quem me critica estava fazendo quando eu estava cantando nas Olimpíadas. E tem mais, numa situação excepcional, idêntica, eu não sei se faria de novo. Porque eu morro de medo. Faço todos os espetáculos me borrando de medo todos os dias. Faço, mas com medo. E se mandar parar eu paro, porque medo eu tenho – disse a cantora em um entrevista concedida a VEJA em 25/10/1978.
Continua...

domingo, 28 de setembro de 2014

Elis Regina: a militante (PARTE 3)

Entre algumas informações que constam no documento “Elis Regina” do Exército Brasileiro:
 “ - É muito afeita a gravar músicas de protesto, inclusive ligadas ao movimento do Poder Negro norte-americano, apesar de não demonstrar ligação com o mesmo;
   - Cumpre seus contratos e compromissos corretamente, aceitando programas não remunerados, quando para fins filantrópicos, ou solicitados por órgãos públicos.
    - Nos anos de 1966-1967 atuou ao lado de alguns cantores de esquerda considerados subversivos após as agitações de 1968, destacando-se, entre eles, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré e Edu Lobo. Faziam parte do “Grupo Paulo Machado de Carvalho”, da TV Record, Canal 7, de São Paulo e da Rádio Jovem Pan. Na época, anos de 1966/67, esse grupo foi considerado de orientação filo-comunista;”
  Já em sua carta, Elis afirma que o fato da entrevista na Holanda foi criado por jornalistas sensacionalistas. Explicou que suas declarações foram deturpadas brutalmente por eles. Mas após isto, os milicos não tiraram mais os olhos dela:
- Queria deixar registrado que, de algum tempo para cá, não presto declarações a órgãos de imprensa, a não ser por escrito, ficando comigo as cópias das entrevistas – explica a cantora no documento enviado ao Exército Brasileiro.  
A verdade é a que ditadura engasgava Elis, mas para seu próprio bem, sobtudo no Brasil, manteve-se calada. O medo não era só dela. Perseguições e ameaças eram mais do que repressão moral e cultural, era uma espécie de hobbie entre os militares.
Foram dois os fatos que trucidaram a moral de Elis perante sua luta com seus companheiros de esquerda. Um foi a gravação de uma chamada veiculada em todas as emissoras de TVs, a partir de abril de 1972, que na na época contava com a chefia do Governo Federal de ninguém menos do que Garrastazu Médici, o mais sanguinolento dos militares-presidentes, onde a cantora fazia um chamado ao povo para cantar o Hino Nacional no dia 7 de setembro de 1972. O vídeo promovia a Olimpíada do Exército, em filmes produzidos pela Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República. O exibicionismo dos atletas milicos era claro. Mostrando todo o preparo e perspicácia militar que o governo oferecia para proteger os civis de qualquer coisa que afetasse os “cidadãos de bem”.
Continua... 

sábado, 27 de setembro de 2014

Elis Regina: a militante (PARTE 2)

Em uma época onde a sociedade brasileira dividia-se em “militares” e “civis”, a maior rixa de Elis Regina com o “lado de lá” veio com uma entrevista à imprensa internacional, em 1969, na Holanda, onde declarou que o Brasil era uma terra “governada por gorilas”. Estava de saco cheio com a falta de liberdade no país. A partir disto, Elis passou a ser mais do que uma grande pedra no sapato da ditadura. A cantora teve a honra de ser documentada entre os arquivos do exército brasileiro.
- Obviamente a macacada ficou sabendo: a embaixada brasileira mandou a matéria pra ninguém menos que o terrível e temível SNI, Serviço Nacional de Informações. A primeira ordem foi para prendê-la logo que pusesse os pés em terras brasileiras. Acabam mudando de ideia ao investigar e comprovar que – ao menos até ali – ela não tinha nenhuma participação política efetiva no Brasil. Só tinha falado demais – conta o escritor, músico e produtor gaúcho, Arthur de Faria.
Datado em 01 de dezembro de 1971, o documento do Ministério do Exército, intitulado com o assunto “Elis Regina”, consiste em duas folhas de informações em relação a cantora e outras duas folhas em que ela afirma não ter ligações com grupos de oposição política em uma carta escrita à mão. Este “intimasso” em Elis viria a lhe incomodar por anos a fio, com os gorilas cercando seus passos, conversas, contatos e inclusive suas transações bancárias. Segundo Aluizio Palmar, cientista social e jornalista, que atuou severamente em grupos de esquerda durante a ditadura, a embaixada brasileira teria emitido a cópia da declaração de Elis Regina afirmando que o Brasil era “governado por gorilas”. Tal fato, levou a cantora a esclarecer-se em um interrogatório ao retornar ao Brasil.
- Tal fato mostra claramente como haviam espiões infiltrados em todos os lugares durante a ditadura militar. Tanto informações pessoais, como o retraimento de Elis, quanto seu depoimento para a imprensa internacional foram escritos e apurados detalhadamente – explica Aluizio Palmar.
Chamada ao Centro de Relação Públicas do Exército Brasileiro para dar explicações, em 1971, de acordo com depoimentos da própria Elis à escritora Regina Echeveria, autora do livro “O furacão Elis”, foi em razão, em suma, deste caso, que ela teria sido obrigada a cantar nas Olimpíadas do Exército de 1972, o que de certo modo, como efeito apaziguador, de fato o fez.
Continua...

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Elis Regina: a militante (PARTE 1)


Filha de um talentoso comerciante, Elis Regina já teve um nome estratégico para seu sucesso. O pai já via a cantora na filha e optou por acompanhar “Regina” do no nome por questão de logística e marketing. Então, Elis Regina Carvalho Costa. Nascida em Porto Alegre, no dia 17 de março de 1945. Criou-se à beira do Guaíba, no Bairro Navegantes e pouco depois na Vila IAPI (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários). Projetada pelo governo Vargas, a vila seguia na configuração da época: prédios baixos, com poucos apartamentos, cercados de toda a infraestrutura para acolherer os operários que ali moravam em um clima comunitário. Uma infância simples e estrábica como tantas outras.
 Em seus 34 anos de vida, Elis Regina gravou 27 LPs, 14 compactos simples e seis duplos. Mais de quatro milhões de cópias vendidas. Foi a primeira cantora a registrar sua voz como instrumento na Ordem dos Músicos do Brasil. Esta é um pouco da história que todos conhecemos de Elis, também conhecida como Pimentinha, Élis-Coptero ou somente Élis, por alguns. Mas a vivência política é um lado pouco conhecido de cantora. Sua luta.
Participou de uma série de movimentos de renovação política e cultural no Brasil. Foi umas das principais vozes ativas na campanha pela Anistia de exilados brasileiros. Criticou muitas vezes a ditadura brasileira, nos chamados Anos de Chumbo, quando muitos músicos e artistas foram perseguidos e exilados. Tanto em declarações ou nas canções que interpretava, como O bêbado e o equilibrista, a qual vibrou mais tarde como hino da Anistia onde coroou a volta de vários artistas do exílio, a partir de 1979. Filiou-se ao PT (Partido dos Trabalhadores), em 1981, um ano após o partido ser fundado, considerado como um dos maiores e mais importantes movimentos de esquerda da América do Sul. A fama e prestígio de Elis lhe mantiveram fora da prisão. Sorte, talento e prestígio: a fórmula perfeita do sucesso.
CONTINUA...

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Desmilitarização já: avise a PM que a ditadura acabou

Canso de ver este vídeos de abusos em ações da Polícia Militar. Até quando seremos tratados como um inimigo de campo para a instituição militar? Me refiro a momentos de tensão e, inclusive, momentos aos quais ele provocam a truculências sem necessidade, como uma espécie de hobbie. Mini-guerrilhas civis são armadas a todo momento por quem deveria nos proteger, por esta “lógica de guerra” que orienta as ações da PM.
Não culpo os policiais em si, culpo o aparelhato que condiciona este tipo abusivo de conduta e o reproduz em nossos meios. A desmilitarização policial é mais do que uma necessidade. Tornar a polícia mais humana é um passo importantíssimo na nossa democracia.
Sem diálogos não chegaremos a base dos Direitos Humanos de ninguém. O Brasil é um dos últimos países do MUNDO a ainda manter o sistema de Policia Militar. Basta! A ditadura acabou, só esqueceram de avisar a polícia.

domingo, 21 de setembro de 2014

Demorei 20 anos pra entender que não sou roqueiro

Eu tentei. Me esforcei: usei bandana, camisetas pretas, rasguei meus jeans, escabelei pra cá e pra lá. Falei mal do Caetano Veloso e do João Gilberto. Em um dado momento acho que até mesmo consegui. Mas eu não sou roqueiro. Nada contra. Só não foi desta vez. Demorei 20 anos pra entender isto.
Quando o espírito da souêra tupiniquim bateu em mim foi algo libertador. Cansei de música 4x4. Só queria saber de “tchucu tchucu tá tchucu tá tchucu tá, tchucu tchucu tá tchucu tá tchucu tá”. Não só os discos, os livros ou os filmes, meus amigos, camaradas e namoradas foram mudando aos poucos e quando menos percebi estavam todos falando na mesma língua comigo: “tchucu tchucu tá”. Passei a rezar pro Tim Maia conforme as coisas iam ficando pretas e, de fato, muitas vezes fui atendido.
O mais difícil não foi convencer a mim que não sou roqueiro. O processo posterior tem se apresentado mais árduo. Convencer os outros de que sim, eu não sou. Minha família ainda tem suas dúvidas. Ainda acham que estou disfarçando. De longe talvez ainda ainda pareça um. Já fui acusado várias vezes. Sou um suspeito.

sábado, 6 de setembro de 2014

Paciência é atitude

O ônibus que atrasou. Como se não bastasse, veio lotado. Ah, a reunião que durou mais tempo do que o planejado. A namorada incompreensiva, ele não aguenta mais. A fila serpenteosa do banco, pra começar bem o dia. O caos no trânsito, a barberagem e a multa filha da puta. O pneu furou. Por quê eu? Estaria eu ficando calvo?
 No dia a dia criamos expectativas otimistas de que tudo ocorrerá da maneira como queremos. Mas não é assim que o baile acontece. O cotidiano se apresenta lotado de delírios e intemperes diversos que fogem do nosso controle. Devemos considerar isto como fenômenos extraordinários? Não. Tá na hora de acostumar-se à eles. Pois se acontecem diariamente, por quê frustrar-se?
Nem otimistas e nem pessimistas. Apenas conscientes de que a vida segue num fluxo e gira além dos nossos meros anseios. E tão pouco o dinheiro resolverá nossos problemas. Levados pela enganação de que o dinheiro resolverá tudo, os mais ricos tendem a demandar maiores frustrações.
Nem todo mundo estará disponível a dedicar o tempo em prestigiar o sucesso alheio. Devemos estar condicionados a estabelecer que nossas expectativas devem nos fazer bem e não mal. Por tanto, equilibrar-se. Não devemos viver sob à expectativa do outro e tão pouco cobrar dos outros o que está fora de nosso controle.
Sejamos pacientes e perseverantes. Dando um passo à frente já não estamos no mesmo lugar. Pois em cada copo de mar temos um mar infinito para um homem navegar.
                                     

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Desceu o elevador sem dar oi

Assistiu ao jornal e se foi. Pegou o elevador, cruzou com o vizinho, o ex-amigo e o sub-síndico com seu cachorro, mas nao deu oi pra ninguém. Seu “oi” é um privilégio para poucos, um “bom dia” para raros e um “olá, tudo bem?” coisa para abençoados escolhidos pelo destino. Em sua teoria de vida, distribuir cumprimentos em vão é um desperdício de energia num mundo onde mal temos tempo de saudar a si próprios.
Quando recebe um “olá”, os músculos da cara conflitam-se, esforçam-se, se juntam e elevam um sorriso curto em retribuição. Sem mostrar os dentes. É o que se tem. A parte mais aflita é quando um não cumprimentante encontra o outro, pois aí não rola o corte de saudação de nenhumas as partes. Tão sem graça. Desolador.
Já eu gosto de dar “oi”, “olás”, “qualés?” e “supimpas?” pra todo lado. Mesmo pro resmungão. Pra este inclusive gosto mais ainda. Gosto que o resmungão lembre de mim. Que me remeta a aquele chato metido a besta e feliz. Que ta sempre chegando e rindo a toa. Curto pacas receber aquele “tudo bem” tão inaudível que só se é capaz de se identificar através de leitura labial. É aí que vejo que to bem. Que se resmunguinho, tem ainda o resmungão, que poderia estar melhor que eu, mas não tá não.
A faceta, este cartão de visitas sorridente e ambulante, é responsável por nos representar, quer queira ou não queira. Quando sorri pro outro, sorri pra ti também. Pois o outro é também outro reflexo de ti.

domingo, 31 de agosto de 2014

Sem pressa e sem preguiça: a batida perfeita

Ou vai muito rápido ou muito devagar. Quiçá ele nem faça. É comprovado que o mundo tem girado mais depressa. Isto tem provocado uma oscilação de pressa e preguiça em toda a humanidade. No trânsito é um velocista. Mas é do tipo que pega elevador pra ir no segundo andar. Compra sanduíche pronto pra não ter o processo artesanal de fazê-lo e tão pouco criar mais louça pra lavar. Vive de comida congelada e música em streaming.
Chega em sua casa se atira no sofá. Aí sim. Agora a preguiça pode reinar. Porque todo apressado é um preguiçoso intrínseco. Ele dirige rápido pelo trânsito, corta pela direita, tira fino do ciclista, fura o sinal, ignora o malabarista do semáforo. Xinga o carro ao lado. Ninguém tem o direito de ser tão apressado quanto ele. Afinal, quem trabalhou 9 horas arrastadas durante o dia? Ou quem está cansado da rotina? Ele. Somente ele. O preguiçoso só é apressando quando lhe é conveniente. Por pura e simples necessidade de poder ser preguiçoso em seu habitat natural o mais rápido possível.
Todos carregamos a pressa e a preguiça por entre os poros. Porém é preciso administrá-los. Nenhum dos lados pode dominar o outro. É uma espécia de ying-yang selvagem. 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A semelhança entre o Balde de Gelo, a tampa de uma caneta e você

Nas últimas semanas temos sido bombardeados por figuras famosas, outras nem tanto buscando ascensão de fama instantânea e tantas mais aproveitando brechas para fazer autopromoções de seus corpinhos, exibicionismos de tatuagens, piercings ou mera coragem de tomar um banho frio através do Balde de Gelo. Muito bem.
O desafio começou nos Estados Unidos para arrecadar fundos para a pesquisa da Esclerose Lateral Amiotrófica. Gostaria apenas de que os banhados de gelo conceituassem “Amiotrófica” antes de qualquer balde esfriar suas jacas. Em um mix de narcisismo, gelo, limão e desprendimento, a desgraça alheia tem sido transformada em diversão na internet.
Um verdadeiro banho de água fria é ser diagnosticado com ELA. A degeneração dos neurônios motores no cérebro e na medula espinhal vão progressivamente limitando o movimento dos pés, das mãos e dos músculos usados para deglutir, falar e respirar. Em casos mais avançado, pode causar até paralisia nos olhos. Atualmente, não há um tratamento capaz de retardar ou barrar completamente o avanço desta doença.
No Brasil, “entidades beneficentes” tais como Luciano Hulk, Gisele Bündchen, Neymar e sua onipresença e uma série de homens e mulheres esculpidas, exibiram-se na onda dos baldes, porém doaram apenas R$ 300 na conta de uma entidade que auxilia os pacientes.

Mas então, qual a “semelhança entre o Balde de Gelo, a tampa de uma caneta e você”? Nem todos vão aderir ao longo da vida. 

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Antipartidarismo e achismos não movem montanhas

        Antes de mais nada, qualquer “anti-alguma coisa” já enuncia uma lamento ideológico. Tal como um “mas” após um discurso mal desenvolvido premedita idiotia. “Não sou preconceituoso, MAS...”, costuma dizer o sabichão entre um quindim e um café.
 A moda do anti-petismo, por exemplo, desmistifica toda e qualquer mirabolância política colorida de vermelho. É tudo enganação. Os “cidadãos de bem” não conseguem ver futuro. Faz sentido? Não. E o tucanismo? Todo Lacerda é um psicopata? Não. Quem se pinta de azul tem volta? Talvez. Nada feito por um governo direitoso foi bom? Não sejamos ingratos. Talvez os de esquerda fizessem melhor. Quem sabe? Os últimos governos avançaram muito e fizeram melhor. Duvida? Os dados estão aí. Mas ainda há muita Sapucaí pra ser desfilada.
A intolerância política tira o consenso de diálogo. Ficamos numa dualidade bem e mal. O vermelho contra o azul. O bem e o mal. A democracia vira um Coliseu. Os discursos digladiadores são espadas afiadas que os políticos usam nas feridas uns dos outros sem pestanejar. Já é parte do duelo dos titãs.
Spoilers partidários são erguidos aos quatro cantos da cidade. Como novas temporadas de um seriado sem final. São exibidos pequenos curtas metragens com qualidade cinematográfica. Botox, branqueamento dental, penteado simétrico, sorrisal e muito abraço gratuito. É a formulo do bolo de qualquer campanha. Assim falar de globalização pra quem passa fome é muito mais fácil.
Temos que ter posicionamento. Sim, temos. Mas de que vale o posicionamento se não temos a capacidade de dialogar contra quem se opõe aos nossos ideais? E principalmente, se não temos a capacidade de ouvir. Vale? Não basta ser crítico. Não resolve ser metacrítico. É necessário ser coeso. “O homem nada sabe, mas a tudo é convidado a saber”, já dizia Hermes Trismegisto em uma tábua de esmeralda.