Do executivo ao proletário. Todos
fazem cagadas na vida. Seja na esfera pública ou na "privada". Os
fins são sempre os mesmos. Esta é a história de codinome Ruanito. Sim. Com “R”
mesmo. Esta é uma de suas personalidades subversivas que emergem durante inebriações
alcoólicas. Uma mistura de jovem amante latino. “Um mix de porto riquenho
bagaceiro com malandro da lapa”, sugere ele. Ele cagou na sua própria gaveta
numa madrugada do verão de 2013.
Como se cagar não fosse normal. As
pessoas tem medo de cagar e de que saibam que elas cagam. Não julguemos
Ruanito. Esta história é verídica e ele prefere não ser identificado.
Em uma quarta-feira calorosa do verão
de 2013, Ruanito trabalhava numa loja de instrumentos musicais, no centro da
Cidade. Era carnaval e o sol ardia formando bolas de ectoplasma de calor no ar.
Perfeito para uma hidratação via cervejadas. E este eu bem conheço. O nosso
Ruanito preferido é amante de um bom trago.
O lado libertador, extravasador e
sexivo de um bom porre supera o sabor etílico de qualquer bebida. É isto que
nosso jovem cagãozinho de gavetas buscava naquela noite. Após sua namorada
largá-lo para tentar uma vida no Canadá, Ruanito passou por uma série de porres
homéricos ao qual buscava entender, esquecer do que lembrar e ao mesmo tempo a
coragem inebriante de um bom trago pra conquistar um novo amor.
“Eu
estava começando a superar. Aquela mulher mexeu comigo de verdade. Enfim. Mas
naquela quarta eu estava bem sei lá. Eu estava bem mesmo. Pelo menos é o que
lembro” relembra Ruanito.
Assim que o gongo bateu, saiu do seu
trabalho, comprou umas cervejas e foi para casa, que na época ficava há apenas
2 quadras, no velho centro da cidade. Um prédio antigo que foi hotel nos anos
1970, que após ser vendido tornou-se um edifício domiciliar. Morava com um camarada,
este o qual namorava na época (o fim deste namoro também poderá virar
reportagem por aqui, mas seguimos adiante). Como bom vivant, o tal camarada
quando estava em um relacionamento acabava sossegando o rabo e preferia passar
horas fumando, bebendo, tocando violão, jogando PS3 e trepando feito um
tamanduá no cio.
Ruanito ficou temporariamente sem seu
velho carcamano de guerra que sempre lhe acompanhava nas biritas. Estava
solteiro já há algum tempo e na época não andava comendo ninguém. Acabou, como
sempre, no único bar rock da cidade. E como já figurinha marcada e um “ícone da
noite”, logo encontrou uma pá de velhos guerreiros conhecidos. Eis que Ruanito
começa sua jornada até as gavetas.
Com uma modesta intenção de apenas dar
uns goles, umas risadas e curtir uma noitada de rock, Ruanito descobriu
milhares de pessoas desconhecidas no seu subconsciente.
“Tento
imaginar como eu me veria de fora. A noite estava indo de vento em popa”,
explica.
Mas
nem tudo foram flores nesta noitada do nosso compadre Ruanito. Entre 3h da
madrugada até 8h30, não lembra de muita coisa. “Acredito que devo ter ido pra
casa cambaleando”, comenta.
Após
uma longa apuração jornalística da minha parte, entrevistas e diálogos com
fontes esclareço este período negro na mente do nosso herói Ruanito.
Às
6h da manhã, Ruanito foi encontrado em seu próprio apartamento. Pelado, de
barriga pra cima, com o pau mole virado pro lado, as mãos atrás da cabeça, no
sofá da sala. A namorada do camarada que dividia o apartamento com ele foi quem
localizou o corpo. Entre a visão e Ruanito havia uma trilha de meias e cuecas.
Dentro do quarto, duas gavetas quebradas e uma terceira no chão muito bem
posicionada com um ninho de meias estratégico para se assentar.
“A garota chamou meu amigo, e como um
bom sacana ele tirou algumas fotos antes de me acordar”, conta Ruanito.
Ao entrar no quarto viu o caos. Foi
tomar um banho pra ir trabalhar. Percebeu então um cheiro deveras desagradável,
mas muito familiar. Um aroma só seu. Não deu bolas e seguiu em frente. Ao pegar
uma meia para ir trabalhar viu o tal ninho de meias e estranhou.
“Aquilo não era uma meia no meio das
outras. Fiquei por quase 10 minutos tentando entender aquilo. Havia um grande e
suculento cagalhão me olhando. Incrivelmente bem posicionado, pois não sujou
nenhuma das outras meias”, relembra Ruanito de sua jornada.
Parou de tentar entender, pegou a
gaveta e foi para o banheiro. Virou o que foi possível no vaso, mas só espalhou
ainda mais aquela merda toda. Foi quando percebeu que a única maneira de se
livrar daquilo seria entrando com gaveta e tudo no Box para um banho que jamais
poderia ser esquecido.
“Até hoje me pergunto o que houve
naquela noite. Queria ter câmeras na sala e no meu quarto pra entender o que
diabos eu fiz”.
Pois bem, Ruanito. Isto apenas as
velhas paredes daquele velho prédio anos 1970 podem lembrar.