Eu tentei. Me esforcei: usei bandana, camisetas pretas, rasguei meus
jeans, escabelei pra cá e pra lá. Falei mal do Caetano Veloso e do João
Gilberto. Em um dado momento acho que até mesmo consegui. Mas eu não sou
roqueiro. Nada contra. Só não foi desta vez. Demorei 20 anos pra entender isto.
Quando o espírito da souêra tupiniquim bateu em mim foi algo libertador.
Cansei de música 4x4. Só queria saber de “tchucu tchucu tá tchucu tá tchucu tá,
tchucu tchucu tá tchucu tá tchucu tá”. Não só os discos, os livros ou os
filmes, meus amigos, camaradas e namoradas foram mudando aos poucos e quando
menos percebi estavam todos falando na mesma língua comigo: “tchucu tchucu tá”.
Passei a rezar pro Tim Maia conforme as coisas iam ficando pretas e, de fato,
muitas vezes fui atendido.
O mais difícil não foi convencer a mim que não sou roqueiro. O processo
posterior tem se apresentado mais árduo. Convencer os outros de que sim, eu não
sou. Minha família ainda tem suas dúvidas. Ainda acham que estou disfarçando.
De longe talvez ainda ainda pareça um. Já fui acusado várias vezes. Sou um
suspeito.
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