domingo, 28 de setembro de 2014

Elis Regina: a militante (PARTE 3)

Entre algumas informações que constam no documento “Elis Regina” do Exército Brasileiro:
 “ - É muito afeita a gravar músicas de protesto, inclusive ligadas ao movimento do Poder Negro norte-americano, apesar de não demonstrar ligação com o mesmo;
   - Cumpre seus contratos e compromissos corretamente, aceitando programas não remunerados, quando para fins filantrópicos, ou solicitados por órgãos públicos.
    - Nos anos de 1966-1967 atuou ao lado de alguns cantores de esquerda considerados subversivos após as agitações de 1968, destacando-se, entre eles, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré e Edu Lobo. Faziam parte do “Grupo Paulo Machado de Carvalho”, da TV Record, Canal 7, de São Paulo e da Rádio Jovem Pan. Na época, anos de 1966/67, esse grupo foi considerado de orientação filo-comunista;”
  Já em sua carta, Elis afirma que o fato da entrevista na Holanda foi criado por jornalistas sensacionalistas. Explicou que suas declarações foram deturpadas brutalmente por eles. Mas após isto, os milicos não tiraram mais os olhos dela:
- Queria deixar registrado que, de algum tempo para cá, não presto declarações a órgãos de imprensa, a não ser por escrito, ficando comigo as cópias das entrevistas – explica a cantora no documento enviado ao Exército Brasileiro.  
A verdade é a que ditadura engasgava Elis, mas para seu próprio bem, sobtudo no Brasil, manteve-se calada. O medo não era só dela. Perseguições e ameaças eram mais do que repressão moral e cultural, era uma espécie de hobbie entre os militares.
Foram dois os fatos que trucidaram a moral de Elis perante sua luta com seus companheiros de esquerda. Um foi a gravação de uma chamada veiculada em todas as emissoras de TVs, a partir de abril de 1972, que na na época contava com a chefia do Governo Federal de ninguém menos do que Garrastazu Médici, o mais sanguinolento dos militares-presidentes, onde a cantora fazia um chamado ao povo para cantar o Hino Nacional no dia 7 de setembro de 1972. O vídeo promovia a Olimpíada do Exército, em filmes produzidos pela Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República. O exibicionismo dos atletas milicos era claro. Mostrando todo o preparo e perspicácia militar que o governo oferecia para proteger os civis de qualquer coisa que afetasse os “cidadãos de bem”.
Continua... 

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