Entre algumas
informações que constam no documento “Elis Regina” do Exército Brasileiro:
“ - É muito afeita a gravar músicas de protesto,
inclusive ligadas ao movimento do Poder Negro norte-americano, apesar de não
demonstrar ligação com o mesmo;
- Cumpre seus contratos e compromissos corretamente,
aceitando programas não remunerados, quando para fins filantrópicos, ou
solicitados por órgãos públicos.
- Nos anos de 1966-1967 atuou ao lado de alguns
cantores de esquerda considerados subversivos após as agitações de 1968,
destacando-se, entre eles, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré e Edu
Lobo. Faziam parte do “Grupo Paulo Machado de Carvalho”, da TV Record, Canal 7,
de São Paulo e da Rádio Jovem Pan. Na época, anos de 1966/67, esse grupo foi
considerado de orientação filo-comunista;”
Já em sua carta, Elis afirma que o fato da
entrevista na Holanda foi criado por jornalistas sensacionalistas. Explicou que
suas declarações foram deturpadas brutalmente por eles. Mas após isto, os
milicos não tiraram mais os olhos dela:
- Queria deixar registrado que, de algum tempo para
cá, não presto declarações a órgãos de imprensa, a não ser por escrito, ficando
comigo as cópias das entrevistas – explica a cantora no documento enviado ao
Exército Brasileiro.
A verdade
é a que ditadura engasgava Elis, mas para seu próprio bem, sobtudo no Brasil,
manteve-se calada. O medo não era só dela. Perseguições e ameaças eram mais do
que repressão moral e cultural, era uma espécie de hobbie entre os militares.
Foram
dois os fatos que trucidaram a moral de Elis perante sua luta com seus
companheiros de esquerda. Um foi a gravação de uma chamada veiculada em todas
as emissoras de TVs, a partir de abril de 1972, que na na época contava com a
chefia do Governo Federal de ninguém menos do que Garrastazu Médici, o mais
sanguinolento dos militares-presidentes, onde a cantora fazia um chamado ao
povo para cantar o Hino Nacional no dia 7 de setembro de 1972. O vídeo promovia
a Olimpíada do Exército, em filmes produzidos pela Assessoria Especial de
Relações Públicas da Presidência da República. O exibicionismo dos atletas
milicos era claro. Mostrando todo o preparo e perspicácia militar que o governo
oferecia para proteger os civis de qualquer coisa que afetasse os “cidadãos de
bem”.
Continua...
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