— Na
entrevista para a Veja, perguntei a Elis uma coisa que me intrigava: quais eram
as imposições de cima para baixo, de que tanto reclamava? Ela disse: “EU falo
isso porque, quando pintei, tinha vinte e nem me permitiram, em determinado momento,
fazer as estripulias normais de uma adolescente. Já começaram jogando uma
sobrecarga violentíssima que talvez eu tivesse condições de arcar aos 33. Foi
uma violência, mas, se foi cometida, eu permiti. E as diversas fases pelas
quais fui passando determinaram-se, evidentemente, por um processo de
amadurecimento e também por sufocos momentâneos” — conta a autora da biografia Furacão Elis, Regina Echeverria.
O clima
de decepção moral com Elis ainda foi visto no “Festival Phono 73”, em São
Paulo, com shows das grandes estrelas da gravadora Phillips, nomes como
Caetano Veloso e Oldair José, por exemplo. Elis Regina entrou com um ar de
tensão no palco e com o rosto fechado.
- Foi
recebida com extrema frieza. Entre alguns aplausos pouco entusiasmados, muitos
assovios e o grito de uma voz raivosa que se ouviu pelos quatro cantos: “Vai
cantar na Olimpíada do Exército”, promovendo assim mais vaias do que aplausos
pra cantora. Foi quando uma voz vinda do palco pôs ordem na casa: “Respeitem a
maior cantora do Brasil”. Quem lhe prestou socorro foi o amigo Caetano Veloso –
relembra Abílio Neto, crítico e pesquisador musical.
Este momento foi crucial na carreira de Elis. A cabeça já
zonza por toda este vai e vem de “civis” e “militares” mudou ainda mais o seu
ver sobre as coisas. Como resultado, uma reviravolta na vida e estética da
cantora. Elis Regina partiu pro ataque. Foi a luta.
- A partir disso, Elis Regina
deixou de ser a queridinha do samba-jazz meio Broadway. Iria virar uma cantora
cool e uma mulher engajada, com um reperótiro definitivamente MPBista e de
esquerda – comenta Arthur de Faria.
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