Sou
do bolicho. Da birita a preço de bom grado e do prato feito com amor e sazóns
da vida real. Não é pedir demais. Cervejas comuns por mais de 10 pilas é um
crime social, ambiental e antropológico. Sim. Elitizar um dos maiores
lubrificantes sociais a tal ponto é uma insensibilidade com o seu semelhante ou
assemelhado. Aí superfaturar na minha sede e querer que eu ainda contribua com
um 10% de forma compulsória? Na bunada não vai dinha, não?
Raramente faço questão de pagar os 10%.
Não sou um ser humano pior por isto. É facultativo. Entre muito estudo,
chimarrão e cuca já se estabeleceu que o pagamento dos 10% deve ser informado em
letras grandes e visíveis. E também deve-se ostentar um cartaz com dimensões
de, NO MÍNIMO, 50 centímetros de comprimento e sensacionais 60 centímetros de
altura.
Na última vez que fui no Perimetral, na
Cidade Baixa, quando me desloquei ao caixa pra pagar informei o atendente que
não queria pagar os 10%, porque de acordo com minhas experiências anteriores,
nunca me informaram. O que deveria ser obrigação do estabelecimento.O preço já
vinha embutido no pacote. Sobre a bandeira do constragedorismo asteia-se a má
fé dos lobos maus. Por mais que pedi pra deixar os 10% de fora, o preço cobrado
não bateu com o que gastei. Fiquei com as antenas de vinil tinindo. 12 conto
numa Original. E ainda o cara pálida do atendente falou:
— Aqui na volta o preço é assim mesmo.
Então peguei o cardápio e fui ver. Não
era 12 pilas a cerveja e sim R$ 10,50. E mostrei pra ele.
— Calma, senhor.
Calma é minha vó vendo novela de
pantufa. Calmo é o crédito pessoal do Bill Gates. Calmo é um passeio em Quintão
no inverno. Calmo não sou eu quando alguém tenta me passar pra trás de forma
tão descarada.
Olhos abertos na Perimetral, nos bosques
e nas avenidas. 10% é a mãe. E la nave vá.