domingo, 31 de agosto de 2014

Sem pressa e sem preguiça: a batida perfeita

Ou vai muito rápido ou muito devagar. Quiçá ele nem faça. É comprovado que o mundo tem girado mais depressa. Isto tem provocado uma oscilação de pressa e preguiça em toda a humanidade. No trânsito é um velocista. Mas é do tipo que pega elevador pra ir no segundo andar. Compra sanduíche pronto pra não ter o processo artesanal de fazê-lo e tão pouco criar mais louça pra lavar. Vive de comida congelada e música em streaming.
Chega em sua casa se atira no sofá. Aí sim. Agora a preguiça pode reinar. Porque todo apressado é um preguiçoso intrínseco. Ele dirige rápido pelo trânsito, corta pela direita, tira fino do ciclista, fura o sinal, ignora o malabarista do semáforo. Xinga o carro ao lado. Ninguém tem o direito de ser tão apressado quanto ele. Afinal, quem trabalhou 9 horas arrastadas durante o dia? Ou quem está cansado da rotina? Ele. Somente ele. O preguiçoso só é apressando quando lhe é conveniente. Por pura e simples necessidade de poder ser preguiçoso em seu habitat natural o mais rápido possível.
Todos carregamos a pressa e a preguiça por entre os poros. Porém é preciso administrá-los. Nenhum dos lados pode dominar o outro. É uma espécia de ying-yang selvagem. 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A semelhança entre o Balde de Gelo, a tampa de uma caneta e você

Nas últimas semanas temos sido bombardeados por figuras famosas, outras nem tanto buscando ascensão de fama instantânea e tantas mais aproveitando brechas para fazer autopromoções de seus corpinhos, exibicionismos de tatuagens, piercings ou mera coragem de tomar um banho frio através do Balde de Gelo. Muito bem.
O desafio começou nos Estados Unidos para arrecadar fundos para a pesquisa da Esclerose Lateral Amiotrófica. Gostaria apenas de que os banhados de gelo conceituassem “Amiotrófica” antes de qualquer balde esfriar suas jacas. Em um mix de narcisismo, gelo, limão e desprendimento, a desgraça alheia tem sido transformada em diversão na internet.
Um verdadeiro banho de água fria é ser diagnosticado com ELA. A degeneração dos neurônios motores no cérebro e na medula espinhal vão progressivamente limitando o movimento dos pés, das mãos e dos músculos usados para deglutir, falar e respirar. Em casos mais avançado, pode causar até paralisia nos olhos. Atualmente, não há um tratamento capaz de retardar ou barrar completamente o avanço desta doença.
No Brasil, “entidades beneficentes” tais como Luciano Hulk, Gisele Bündchen, Neymar e sua onipresença e uma série de homens e mulheres esculpidas, exibiram-se na onda dos baldes, porém doaram apenas R$ 300 na conta de uma entidade que auxilia os pacientes.

Mas então, qual a “semelhança entre o Balde de Gelo, a tampa de uma caneta e você”? Nem todos vão aderir ao longo da vida. 

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Antipartidarismo e achismos não movem montanhas

        Antes de mais nada, qualquer “anti-alguma coisa” já enuncia uma lamento ideológico. Tal como um “mas” após um discurso mal desenvolvido premedita idiotia. “Não sou preconceituoso, MAS...”, costuma dizer o sabichão entre um quindim e um café.
 A moda do anti-petismo, por exemplo, desmistifica toda e qualquer mirabolância política colorida de vermelho. É tudo enganação. Os “cidadãos de bem” não conseguem ver futuro. Faz sentido? Não. E o tucanismo? Todo Lacerda é um psicopata? Não. Quem se pinta de azul tem volta? Talvez. Nada feito por um governo direitoso foi bom? Não sejamos ingratos. Talvez os de esquerda fizessem melhor. Quem sabe? Os últimos governos avançaram muito e fizeram melhor. Duvida? Os dados estão aí. Mas ainda há muita Sapucaí pra ser desfilada.
A intolerância política tira o consenso de diálogo. Ficamos numa dualidade bem e mal. O vermelho contra o azul. O bem e o mal. A democracia vira um Coliseu. Os discursos digladiadores são espadas afiadas que os políticos usam nas feridas uns dos outros sem pestanejar. Já é parte do duelo dos titãs.
Spoilers partidários são erguidos aos quatro cantos da cidade. Como novas temporadas de um seriado sem final. São exibidos pequenos curtas metragens com qualidade cinematográfica. Botox, branqueamento dental, penteado simétrico, sorrisal e muito abraço gratuito. É a formulo do bolo de qualquer campanha. Assim falar de globalização pra quem passa fome é muito mais fácil.
Temos que ter posicionamento. Sim, temos. Mas de que vale o posicionamento se não temos a capacidade de dialogar contra quem se opõe aos nossos ideais? E principalmente, se não temos a capacidade de ouvir. Vale? Não basta ser crítico. Não resolve ser metacrítico. É necessário ser coeso. “O homem nada sabe, mas a tudo é convidado a saber”, já dizia Hermes Trismegisto em uma tábua de esmeralda.