terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Paulo Santana: O gênio idiota

Ele já foi inspetor e delegado. Também já foi vereador do munícipio de Porto Alegre, pela ARENA (Aliança Renovadora Nacional), pois vejam, aquela que apoiava a ditadura militar. Lançou 7 livros ao longo de sua vida, entre eles o “Gênio Idiota (1992)”, meu favorito. Viciado em cigarros, já foi diagnosticado com câncer de rinofaringite. Afirma que “Fumar é um falso suspiro”. Assim ele parece levar a vida toda.
Paulo Santana tem espaço destaque de coluna no maior jornal do Rio Grande do Sul. Eu gosto, eu leio Zero Hora. Lá tem o Moisés Mendes, a Rosana de Oliveira, o Luis Fernando Veríssimo, Martha Medeiros, Humberto Trezzi, Marcelo Rech, Cadu Caldas, Paulo Germano e tantos outros grandes nomes. Todo mundo queria o espaço do Santana. Eu também. Quem sabe? Um dia talvez eu chegue lá.
A última dele falando sobre “segregação pacífica” em Punta, no Uruguai, foi a mais pesada de todas. Gostaria de perguntar pra ele como uma segregação pode ser pacífica? Se o racismo opressor de um lado causa sofrimento e promove este tipo de expressão social, é com certeza resultado discriminatório de um lado. Ou eu estou errado? Não tem nada de pacífico nisto.
O espaço dele está piscando em Zero Hora. Os herdeiros tenho certeza de que farão melhor. Santana já fez grandes colunas. Fez amigos e inimigos pela sua jornada. Quem só fala mal talvez não conheceu seus feitos pela comunicação. Ele não é um bobo. É um “Gênio Idiota”, como mesmo se define. O idiota opta por ser imbecil.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Agora eu tenho advogado

Acabo de saber que minha liberdade de expressão esta mais assegurada do que nunca. Sim, agora posso mais do que nunca falar o que eu bem entender. Serei um jornalista pau dentro. Agora é mais do que certo. Aqui ou em qualquer lugar. Jhonny agora é meu advogado. Sim, o nome dele é Jhonny mesmo. Já li em seus registros. É documentado, diplomado, bacharel e 100% tupiniquim. Se formou em Direito pela Univates. Faculdade famosa que vem dando rajadas de bons profissionais pelo Vale do Taquari.
Este ano foi a vez de Jhonny. Ele foi o meu primeiro melhor amigo. Nos tempos de infância e Power Rangers em Estrela. Ele sempre soube o que fazia. Desenhava muito bem, tirava boas notas, jogava futebol de forma justa (me refiro ao real e ao Ronaldinho Campeonato Brasileiro dos anos 90) e também fazia sucesso com as garotas. Se chamar Jhonny sempre facilitou tudo pra ele.
O cara é focado. Dos pampas pro mundo. As boas causas terão um advogado campeão por suas lutas. O jornalismo pau dentro também ganha mais um membro pra defendê-lo. Que maravilha.

O PT e o vôo da mariposa vesga

Caminhamos, cantamos e seguimos a canção. Contemplamos nosso cotidiano de maneira tão bruta que às vezes somos inebriados por nossas próprias realidades:
- Aí, tio me vê um pila? Tem um real pra apoiar?
Eis uma frase que ouvimos, às vezes mais, às vezes menos, em qualquer andada de uma esquina à outra. Isto é carregado de significado. Com poucos centavos não se faz mais nada. Os cents perderam o valor. Nossa moeda entrou em colapso pela inflação. Quem está em situação de rua não tem como pedir menos.
O PT tornou-se uma fábula de suas próprias histórias. Deixou de ser mantido apenas por militantes e profissionalizou a maneira de sustentar-se no poder. Quando falo do partido, não falo das pessoas. Eu votaria de novo na Dilma se ela disputasse contra o Aécio. Eu acho a Dilma uma gata. Sou mais a Lucianinha, como bem sabem. Votaria mil vezes no Tarso pro Sartori não meter o bedelho onde não faz ideia do que deve ser feito.
O partido tem que levar uma lição de moral de seus próprios participantes de fé. Os que sabem bem a sua origem. O PT está indo na contramão de sua própria engrenagem. Os partidos de esquerda não mostraram apoio nesta eleição, porque sabem que o privilégio do atual partido não são mais as formigas. Se perderam no canto das mariposas. Alianças partidárias, abraços e afagos tão escrotos de deixar qualquer Maluff com inveja. Chegamos num momento que ou se é de esquerda ou se é petista. Infelizmente.
Quem é de esquerda é obrigado a votar no PT, como eu o fiz e provavelmente fará-lo-ei se necessário. É um diz que não diz. É um diz que me diz. Tá tudo subindo pro alto, a gente pagando parcelado, no negativo dando 10% pros bancos. E os bancos patrocinando nossas dívidas, nossos partidos e o nosso pão e circo de cada dia. Um crime maior do que roubar um banco, provavelmete, seja ser dono de um.
          Que o PT seja refundado daqui pra frente com a tal reforma política. O partido já tremeu desde sua base nesta última eleição. Bem feito. Que volte a sentir o bafo do agreste na nuca, a pisar no chão ao invés de voar feito mariposa vesga pelo ar.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Mais Moisés Mendes e menos jornalismo pasteurizado

Escrever não consiste numa fórmula de bolo. Não é algo que se pasteuriza aos 100ºC. É influência, inspiração, trabalho e café. É tomar um trago e ter uma ressaca. Ressaca é ressacar as coisas. Olhar por outro ângulo. A diferença do texto é sempre o texto. É descompactar a realidade. É tirar o fôlego. É bossa nova sem quindim.
Esta semana tivemos uma vitória. Moisés Mendes segue em Zero Hora. Após umas necessárias bicas nas canelas do Bolsonaro, houve uma tentativa de cortar o seu barato. O nosso barato, na verdade. As pessoas confudem liberdade de expressão com liberdade de opresssão. O Bolsonaro não tem o direito de oprimir. Este direito não cabe a ninguém. Este sim é um discurso ilícito.Tem que falar. Tem que comprovar. O jornalismo tem função social. Funciona como um mediador sociológico. Ativa como um cronista do imaginário cotidiano. Por isto tem que estar do lado certo e transcender legendas.
Parafraseando um querido professor: Jornalismo é pau dentro. E é mesmo. Isto é mais do que um trevo de quatro folhas. É Chateubriand lutando com luvas de boxe contra Juremir Machado. É Hunter Thompsom jogando pinuca com Boechat. Moisés Mendes não segue apenas publicando em Zero Hora. Ele vai publicar mais. Bem feito pro Coimbra.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Bolsonaro e o tico de ouro

Bolsonaro tem quase um milhão de curtidas em sua página no Facebook. Foi mais ou menos o score democrático atingido por Luciana Genro em sua respeitável participação nas eleições de 2014. Entre este quase um milhão de curtidas pro Bolsinha, 7 são meus amigos. Já com a Lulu, somo mais de 240 amigos engajados em suas causas. Inclusive eu mesmo, é claro, nas quase 400 curtidas fiés de sua página.
Duas visões de mundo distintas. Um faz sucesso por representar aos milhões de brasileiro com pensamento quadrado e a outro inebria o coração dos jovens com seus pensamentos utópicos. Ela mesmo falou em sua campanha. “Eu gosto desta coisa de ser utópica”. Eu também, Lulu. Utopia e subversividade.
“Não vou te estuprar porque tu não merece”, disse Bolsinhas pra Maria do Rosário num discurso sobre ditadura militar nesta terça-feira (9). Convenhamos. Este sujeito sútil, delicado e polido. É quase um Julio Iglesias. Uma mistura de brega romântico de 1964. Deve ter o tico banhado a ouro. Ele seleciona bem as merecedoras dos seus privilégios.
Vítima de sua própria deturbada ignorância, Bolsonaro, o deputado mais voltado no Rio de Janeiro, tempera coxinhas diariamente e dá esperanças de um futuro melhor. Onde ninguém incomode. Mas muita calma, parceiro. Nós, os incomodadores, desta e da próxima geração, estamos crescendo. E bem. E bem bastante.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ruanito: o cagão das gavetas


Do executivo ao proletário. Todos fazem cagadas na vida. Seja na esfera pública ou na "privada". Os fins são sempre os mesmos. Esta é a história de codinome Ruanito. Sim. Com “R” mesmo. Esta é uma de suas personalidades subversivas que emergem durante inebriações alcoólicas. Uma mistura de jovem amante latino. “Um mix de porto riquenho bagaceiro com malandro da lapa”, sugere ele. Ele cagou na sua própria gaveta numa madrugada do verão de 2013.
                Como se cagar não fosse normal. As pessoas tem medo de cagar e de que saibam que elas cagam. Não julguemos Ruanito. Esta história é verídica e ele prefere não ser identificado.
         Em uma quarta-feira calorosa do verão de 2013, Ruanito trabalhava numa loja de instrumentos musicais, no centro da Cidade. Era carnaval e o sol ardia formando bolas de ectoplasma de calor no ar. Perfeito para uma hidratação via cervejadas. E este eu bem conheço. O nosso Ruanito preferido é amante de um bom trago.
         O lado libertador, extravasador e sexivo de um bom porre supera o sabor etílico de qualquer bebida. É isto que nosso jovem cagãozinho de gavetas buscava naquela noite. Após sua namorada largá-lo para tentar uma vida no Canadá, Ruanito passou por uma série de porres homéricos ao qual buscava entender, esquecer do que lembrar e ao mesmo tempo a coragem inebriante de um bom trago pra conquistar um novo amor.
         “Eu estava começando a superar. Aquela mulher mexeu comigo de verdade. Enfim. Mas naquela quarta eu estava bem sei lá. Eu estava bem mesmo. Pelo menos é o que lembro” relembra Ruanito.
         Assim que o gongo bateu, saiu do seu trabalho, comprou umas cervejas e foi para casa, que na época ficava há apenas 2 quadras, no velho centro da cidade. Um prédio antigo que foi hotel nos anos 1970, que após ser vendido tornou-se um edifício domiciliar. Morava com um camarada, este o qual namorava na época (o fim deste namoro também poderá virar reportagem por aqui, mas seguimos adiante). Como bom vivant, o tal camarada quando estava em um relacionamento acabava sossegando o rabo e preferia passar horas fumando, bebendo, tocando violão, jogando PS3 e trepando feito um tamanduá no cio.
         Ruanito ficou temporariamente sem seu velho carcamano de guerra que sempre lhe acompanhava nas biritas. Estava solteiro já há algum tempo e na época não andava comendo ninguém. Acabou, como sempre, no único bar rock da cidade. E como já figurinha marcada e um “ícone da noite”, logo encontrou uma pá de velhos guerreiros conhecidos. Eis que Ruanito começa sua jornada até as gavetas.
         Com uma modesta intenção de apenas dar uns goles, umas risadas e curtir uma noitada de rock, Ruanito descobriu milhares de pessoas desconhecidas no seu subconsciente.
“Tento imaginar como eu me veria de fora. A noite estava indo de vento em popa”, explica.
Mas nem tudo foram flores nesta noitada do nosso compadre Ruanito. Entre 3h da madrugada até 8h30, não lembra de muita coisa. “Acredito que devo ter ido pra casa cambaleando”, comenta.
Após uma longa apuração jornalística da minha parte, entrevistas e diálogos com fontes esclareço este período negro na mente do nosso herói Ruanito.
         Às 6h da manhã, Ruanito foi encontrado em seu próprio apartamento. Pelado, de barriga pra cima, com o pau mole virado pro lado, as mãos atrás da cabeça, no sofá da sala. A namorada do camarada que dividia o apartamento com ele foi quem localizou o corpo. Entre a visão e Ruanito havia uma trilha de meias e cuecas. Dentro do quarto, duas gavetas quebradas e uma terceira no chão muito bem posicionada com um ninho de meias estratégico para se assentar.
         “A garota chamou meu amigo, e como um bom sacana ele tirou algumas fotos antes de me acordar”, conta Ruanito.
         Ao entrar no quarto viu o caos. Foi tomar um banho pra ir trabalhar. Percebeu então um cheiro deveras desagradável, mas muito familiar. Um aroma só seu. Não deu bolas e seguiu em frente. Ao pegar uma meia para ir trabalhar viu o tal ninho de meias e estranhou.
         “Aquilo não era uma meia no meio das outras. Fiquei por quase 10 minutos tentando entender aquilo. Havia um grande e suculento cagalhão me olhando. Incrivelmente bem posicionado, pois não sujou nenhuma das outras meias”, relembra Ruanito de sua jornada.
         Parou de tentar entender, pegou a gaveta e foi para o banheiro. Virou o que foi possível no vaso, mas só espalhou ainda mais aquela merda toda. Foi quando percebeu que a única maneira de se livrar daquilo seria entrando com gaveta e tudo no Box para um banho que jamais poderia ser esquecido.
         “Até hoje me pergunto o que houve naquela noite. Queria ter câmeras na sala e no meu quarto pra entender o que diabos eu fiz”.
         Pois bem, Ruanito. Isto apenas as velhas paredes daquele velho prédio anos 1970 podem lembrar.