terça-feira, 7 de julho de 2015

Eduardo Cunha: o usurpador tupiniquim

O Eduardo Cunha, quando menino, era o tipo de pimpolho que apanhava de pantufa. Entre mansões de lego, arquibancadas de futebol de botão e lágrimas de leite com pêra que escorriam em seu rosto por sua tenra formação, o jovem jamais soube aceitar um não. O próximo projeto que quer tramitar no Congresso é patentear a palavra “Não” em tradução livre para “Com certeza”, aqui no Brasil.
Uma pequena curiosidade do Cunha, além do fato de usar Hair Sink e Head & Shoulders , é que já foi tesoureiro do Collor, quando ainda era filiado ao PRN (Partido da Reconstrução Nacional), que depois virou o PTC (Partido Trabalhista Cristão), o qual hasteia-se a bandeira do Liberalismo, em nome de Deus.
Houve-se um tempo em que as estribeiras eram tangíveis. Podia-se avistá-las como um alquimista sentado com as pernas cruzadas balançando no ar, fumando charutos numa encruzilhada. A bancada mais conservadora de todos os tempos. Ideias fechadas, embutidas, prensadas a vácuo, em alguns casos. Alguns ainda consideram que “Diálogo” foi um antigo imperador da China, tamanha a defasagem enciclopédica.
Teremos que comemorar se chegarmos em 2018 ainda como República, com voto feminino e sem proletarização da terceirização dos terceirizados. A caravana do Eduardo Cunha está tinindo, os carburadores queimando alto, alimentando a explosão deste motor Lacerda Total Flex. Enquanto a esquerda se divide em diversos sub-setores e sub-esquerdismos, o lacerdismo e a direita se organizam em prol do seu bem comum: o capital financeiro.
A manobra regimental de Eduardo Cunha para dar um “jeitinho” de aprovar a redução da maioridade penal já estava sendo arquitetada poucos minutos após a derrota que sofreu na primeira legítima votação. Enfurnado com lideranças do PSDB, PSD, DEM e de outros partidos de oposição, Cunha não perde nenhuma queda de braço. É o Balboa do congresso. Mais patrocinado do que o Neymar e o Messi em boa fase.
Cabe lembrar que medidas “aglutinativas”, como a manobrada por Cunha, somente podem ser votadas após a votação do texto principal, desde que ele tenha sido aprovada, o que não foi o caso. Colocou a emenda de texto acima do texto original da PEC. Em resumo, colocou o interesse próprio antes da democracia. Cunha usurpador.
Após toda esta avalanche de emoções, corrupções, delações e concessões a esquerda finalmente considera a hipótese de se unir e batalhar pelas causas e pelas cousas.  Só falta saber quem vai jogar de camisa e quem vai jogar sem.