sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Do truco ao truque

Faltando dois meses para fechar um ano desde que Sartori foi eleito governador do Rio Grande do Sul, a situação de paralisia transborda pelos poros do Estado. O gringo proseador e humorado foi coadjuvante de uma das melhores e mais efetivas campanhas políticas de todos os tempos. Mesmo sem prometer nada, exaltou-se a imagem do homem simples e realizador. Mas, passada a campanha cheia de aforismos piadistas, a tal da graça troteou pra longe dos pampas.

Parece que o governador perdeu o livro de piadas e o baralho de truco (carteado de origem italiana) que carregava em sua maleta durante a campanha. Recorria a um destes dois itens: o primeiro persuadia e o segundo dissuadia. Mas a crise do Estado é e sempre foi coisa séria. O humor não pode nos enganar mais do que por um instante, ligeiro ele sempre tem menos palavras do que o necessário, pois brinca perto da grande fogueira que é a realidade e de vez em quando esquece-se do calor da hora.

Sem saber o que fazer, Sartori tateia no escuro as possibilidades de reerguer o Estado, que, diga-se de passagem, são plenamente possíveis. Mas o governador terceiriza suas responsabilidades para outros poderes, os quais não foram eleitos, de fato, para governar o Rio Grande do Sul.

Ao que tudo indica Sartori pegou emprestado um plano de governo antigo, que já vimos aqui por estas querências. Volta a vigorar o arrocho salarial para justificar o corte de gastos e serviços públicos e o clima apocalíptico de crise para enaltecer impostos e privatizações. Ainda temos que melhorar muito para ficar mais ou menos.